Desta colina

Adilson Araujo

Desta colina
Desta colina acompanho o surgimento do vilarejo.
A mata sucumbe
Ao impacto de facões, foices e vegetação pisoteada.
Na pequena estação férrea, imigrantes no anseio de nova vida.
A Igreja Matriz cravada no peito desta colina
Abençoa romeiros em tropa
E moçoilas, na promessa de bom casamento.
Desta colina observo os caminhos lamacentos
A fábrica de fósforos e as pontes de madeiras que cruzam o rio
O badalar do sino convida para os festejos de Junho
Regada a milho, quentão e cantoria.
Desta colina vejo
O vilarejo tornar-se por fim cidade
Com edificações mais altas que a própria colina.
Desta colina sou parte.
Sou terra amassada, moldada, queimada.
Ladeado sou tijolo na Igreja Matriz
Que, inerte, observa o tempo passar na Vila Osasco.